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Saúde, biodiversidade e mudanças climáticas: as três crises que a Humanidade ENFRENTA ________________________________________________________________


O físico e professor da Universidade de São Paulo, Paulo Artaxo, que também é membro do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) publicou um artigo que deveria ter servido como alerta para os governantes brasileiros, mas, principalmente no plano federal, com Jair Bolsonaro et caterva no controle do leme, o aviso passou completamente despercebido.

No artigo publicado pela revista Estudos Avançados, Artaxo alertava que nossa sociedade “está simultaneamente convivendo com três emergências importantes: 1) a crise na saúde; 2) a crise de perda de biodiversidade; e 3) a crise climática.  Artaxo salinetou ainda que “essas crises têm ligações profundas entre si, e diferenças importantes, mas todas provocam impactos sociais e econômicos fortes e afetam nosso planeta globalmente”.

O texto afirmava ainda que “entre as diferenças importantes nas três crises está a questão temporal:  enquanto a crise na saúde associada ao Sars-CoV-2 pode durar cerca de dois  anos, o impacto das mudanças climáticas pode durar séculos, a perda de biodiversidade é para sempre.  Artaxo ponderava ainda que não haveria lockdown como o aplicado na pandemia da COVID-19, nas crises climáticas e de biodiversidade”.

Dentre as questões relacionando a perda das florestas e a mudança do clima, Artaxo citou o exemplo do estado de Rondônia onde  o desmatamento alterou a circulação atmosférica, resultando em menos chuva nas áreas desmatadas e mais chuva nas áreas adjacentes.  É que, com a  devastação de mais de 50% da floresta em Rondônia, houve uma mudança no mecanismo que controla as chuvas, afetando o clima local e a agropecuária.

Dentre as muitas conclusões de Artaxo, uma das que considero cada vez mais urgente foi a de que  a interferência das mudanças climáticas vêm influenciando alterações no regime de chuvas, na temperatura, no nível e na química de águas costeiras, causando mudanças na fenologia das plantas, no funcionamento de ecossistemas e, na distribuição da biodiversidade, inclusive na distribuição de vetores transmissores de doenças.  Artaxo afirmava ainda que essas mudanças interagiriam entre si e com  “múltiplos estressores” sociais e ambientais que poderiam ampliar seus impactos.  Em função disso, muitas dessas dimensões das mudanças climáticas, e suas interações, precisavam ser mais bem  compreendidas. As fortes alterações no regime de chuvas em todas as regiões do país iriam exigir soluções para minorar os problemas socioeconômicos advindos das secas mais fortes e frequentes, e inundações extremas em grandes áreas.

Passados pouco de mais de quatro anos dos alertas de Paulo Artaxo, eis que estamos diante não apenas de cenários teóricos, mas de fatos concretos. Mas mesmo diante deles, o que se vê é a ignorância e objetivamente a rejeição das evidências científicas, principalmente por parte daqueles segmentos que estão lucrando com a destruição das nossas florestas e dos importantes serviços ambientais. Isso prova que para mudar essa situação não basta ter conhecimento científico, mas força política para impor uma agenda governamental que se livre do domínio do agronegócio e das multinacionais que coletam a maior parte do lucro que ele gera.

Há que se notar que no dia 17 de setembro, Paulo Artaxo foi convidado para participar de uma reunião de emergência convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto para discutir o enfrentamento da crise climática no Brasil. Além de Lula, estavam presentes na sala os presidentes das duas casas do Congresso Nacional (Rodrigo Pacheco e Arthur Lira) e do Supremo Tribunal Federal (Luís Roberto Barroso), além do procurador-geral da República (Paulo Gonet), vários ministros de Estado e outras autoridades do mais alto escalão da política nacional.

Vamos ver se essa ida de Artaxo vai resultar em algo prático do ponto de vista das políticas federais que hoje objetivamente financiam a destruição das florestas brasileiras e envenenam nossos rios com agrotóxicos, muitos deles banidos em outras partes do mundo.  E aqui a conta é simples: ou se muda essa equação ou o que se viu em 2024 é apenas um aperitivo do que está por vir.

Marcos Pędłowski

 

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Edição 214 - Setembro 2024
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Atualização: 01-09-2024